sexta-feira, 28 de outubro de 2011

impasse



A indecisão é isto mesmo. Ter a certeza que te amo, e ainda assim desconhecer o significado de gostar. É querer-te longe, mas sonhar que abraças o meu corpo com força de aço. Indecisão é desejar que um dia o teu coração se desfaça em pedaços sem arranjo, tal como deixaste o meu; e simultaneamente, pedir aos meus céus que esse sorriso seja eterno. É querer esquecer-te, mas repulsar a possibilidade de nunca mais sentir o meu coração parar quando me tocas. Indecisão é amar-te. É todo o impasse que me trava o andar, mas que me empurra para seguir em frente. É saber que é certo, sem certezas se talvez seja errado. É saber muito bem que te quero, mas achar que devia querer outra coisa.
Amar-te é isto - uma constante indecisão.

domingo, 23 de outubro de 2011

Eu devia ter sabido que os contos de fadas não se realizam, que nunca seria a tua princesa, que o para sempre não existe. Devia ter estado preparada para receber a dor a qualquer momento. Afinal, é assim que quase sempre acontece nas histórias reais.
Mas não estava.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

a bailarina

  

"É por ela existir que continuo a dançar."




    Eu quero dizer-te que passou. Que já não sofro mais. Que o passado ficou no seu devido lugar. Mas sou incapaz. Seria mentir-te e negar aquilo que agora sou. Não o que quero ser, mas no que me tornei sem ti. Um corpo vazio. Uma bailarina sem a sua música. Um tudo sem nada.
    Diria-te que sou plenamente feliz. De uma forma um tanto diferente do que seria contigo, mas, ainda assim, feliz. Diria-to se de tal fosse capaz. Para te ver feliz, para não ver quaisquer barreiras entre o teu e o meu mundo,  diria-te que te amei. Num tempo que acabou, sem caminho de regresso.
    Diria-to, só para ver uma vez mais o teu mundo. Diria-to, mas não sou capaz. 
    Talvez porque tal será para sempre impossível. Talvez porque seria denunciada pelo olhar, pelo sorriso sem verdade, pelo grito de sofrimento e de negação que cada palavra da mentira traria consigo. Talvez porque, como alguém disse, o amor não se conjuga no passado; ou se ama para sempre ou nunca se amou verdadeiramente.

    Eu não consigo imaginar uma bailarina feliz sem a sua música. É impossível dançar para sempre sem uma melodia. A melodia existe, nem que não passe de uma memória e só nós a sintamos realmente. Mesmo que ela só soe e cante para nós, ela existe. E é por ela existir que a bailarina continuará, para sempre, a dançar.

sábado, 15 de outubro de 2011

 Ver-te não doeu tanto como esperava. Talvez porque a dor já começa a ser uma presença regular. A única até. Faz semanas que não tenho certezas de nada para além deste sofrimento. Só posso esperar pelo fogo no meu peito quando me permito pensar em ti e pelas lágrimas na noite escura. Mais nada tem uma ordem ou sentido. E eu esperava, com uma quase certeza, que estar novamente na tua presença me magoaria muito mais do que as simples memórias são capazes de fazer. Ainda assim, não doeu tanto como esperava.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

incondicionalmente.


Eu não tenho caminho traçado, mas o céu é tão grande...


  Eu só quero voltar a ser feliz. E é por isso que continuo. Incondicionalmente.
 Agora que já aprendi a voar, falta-me um caminho a percorrer. Assim como a coragem de voar sozinha ou de abrir mão das memórias.
 Tenho dado o melhor de mim para apenas esquecer tudo. Deitar tudo num baú para que quando a ferida tiver sarado e o teu nome não queimar, o abra e te lembre com carinho e saudade. Com uma saudade que não dói, que não arderá nunca mais no meu peito. Mas nada.
 Absolutamente nada ajuda a tua imagem a não magoar mais.
 Como pode uma pessoa esquecer quando tudo te trás de volta?
 Se neste momento choro todas as noites, a ti se deve. É por ti que já não sei conjugar o verbo confiar. É por ti que, até há dias, pouco me afastava da calçada do passeio com medo da rua.
Como é que ninguém ouvem este grito de desespero? Como é que ninguém vê estas lágrimas sobre o meu rosto? Como é que, Tu, não ouviste de todas as vezes que o meu coração chamou o teu? 
Nem o teu doloroso silencio faz estes fantasmas desaparecem.
 Mas o passado não se repetirá. Eu não aguentaria.
E é por isso que continuo. Incondicionalmente.



segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Amanha aprenderei com as pedras a voar. Aprenderei o que um dia soube e o tempo esqueceu.
Mas sem ti.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

arco-íris ,

em palácio de cristal , porto


  • ~ O arco-íris é perfeito. Mas só tu o fazes assim. ~


Hoje senti a tua falta.
Senti falta da sensação de levantar a cara à tua chuva e de caminhar ruidosamente sobre as tuas secas folhas.
Falta-me o sentimento de aconchego que as suas cores quentes traziam aos dias em que o teu vento soprava.
Senti tanta falta do arco-íris que me davas a céu aberto, quando essa tua chuva caía desobedientemente sobre sol quente. 


Senti tanta falta desses dias que me deste. Invejei as memórias.
Tinha-te como certo, mas este ano ainda não apareceste. E eu sinto tanto a tua falta.
Se calhar é mesmo por isso - por não te ter. Mas, sabes, eu gostava muito de ti. Mesmo sem nunca te ter dito.. Eu esperava sempre que chegasses.. Fazias parte do meu puzzle. E nenhum puzzle fica completo se falhar uma peça, não é verdade?



Dá-me um sinal que vais voltar em breve, dás? 
Dizem que o arco-íris não têm fim. (Eu não quero que ele tenha!)
Eu lá no fundo vou estar à espera que regresses. Mesmo que o Inverno, o Verão, a Primavera me façam feliz, tu eras a minha estação.
Tu serás insubstituível.
Fazes-me falta. Sempre fizeste.
E há coisas que nunca mudam.


Volta para mim, Outono meu.
Volta.