Já partiste há 4 meses e cada dia que fica para trás faz a saudade que cá deixaste aumentar de forma quase absurda. Agora que não estás mais aqui parece que cada palavra tua, que antes parecia esquecida, ressurge. Cada uma no momento perfeito... Parece tão estúpido como essas palavras que a memória guardou faziam muito mais sentido quando ditas por ti. Porque essas eram as tuas palavras, e ninguém as fazia soar tão verdadeiras como tu. Porque só tu sabias que precisava-mos e que devia-mos ouvir aquilo, mesmo quando nem nós sabia-mos. Sabias que precisava-mos de ouvir aquilo, daquela mesma maneira e naquele exacto momento. Mas hoje sei que, afinal, só o precisava-mos de ouvir de ti. Porque só tu o dizias como mais ninguém.
"Liga-lhe!", "Fala com ele." , "Vai ter com ele!". Já pensei tantas vezes em ligar-te. Mas, e depois? Acho que isso só ia ajudar a dor a encontrar-me. E eu já estou demasiado desfeita para me magoar de uma forma tão pouco sensata.
Ir ter contigo só me lembraria de que já não estás mais connosco. E não são umas visitas remotas que consolam a falta que nos fazes ou que desfocam a tua ausência na nossa sala.
A vida muda, mas nem sempre é fácil aceitar e acompanhar essa mudança. Nem sempre essa mudança é justa e na altura indicada.
E esta mudança foi rápida demais.
O grupo tornou-se a minha segunda família, mas as coisas estão tão diferentes sem ti, Rui. Podias não ser O grupo, mas contigo saiu metade do que éramos. E é disso que realmente sinto falta. Do que éramos quando cá estavas. Sinto falta do calor da nossa família. Mas, sobretudo, sinto saudades de esperar de domingo a sábado, ansiosamente, pelas nossas duas horas assim como uma criança aguarda a chegada do Pai Natal.
[para ti, Rui Miguel da Mota Alves]