quinta-feira, 22 de março de 2012

memórias que chamam.


Mesmo quando a tua distância chama pelos corredores do esquecimento, as tuas memórias deixam na almofada tudo o que o coração tentou apagar.
E por entre espaços de desejo e sorrisos que magoam a alma, percebo que nunca foste névoa ou nada, sequer. Sempre foste o meu mar de sonhos e fantasias escondido, o Outono que nunca chegou mas que continuo a aguardar. Sempre foste o precisei. Ontem, e num hoje futuro sempre te quis a ti, apesar de tudo. 
Já tentei seguir para um futuro a que não pertenças, mas prendeste-me o andar. E sabes porque não consigo caminhar para ti novamente? Pelo medo de estar a ler uma história da qual já conheço o final e não ter mais forças para o mudar.

domingo, 4 de março de 2012

hoje, sei que cresci.




 Assusta-me a alma não saber. Inquieta-me o ser não ter caminho por onde seguir ou música para me guiar. A ausência do que um dia fora certo deixa-me sem chão para pisar e céu para voar.
 O passar dos anos dizem-te que cresceste. Mas só o sabes verdadeiramente quando és capaz de amar e deixar partir por saberes que não te pertence - mesmo com o teu coração gritando de dor, és capaz de sorrir e dizer "sê feliz".
 Crescer é mais. É decidir e viver. Viver um tempo que no passado foi futuro e hoje é presente. Esse tempo que sonhaste viver, e que sonhaste de tantas maneiras diferentes. Esse tempo chegou. 
 Chegou a hora de tomar decisões. De traçares o caminho da tua vida e deitares-te à estrada, sem medos ou incertezas que te congelem a alma e que te roubem o coração. Acredita, a razão sem a paixão nada é. E para mim, que tantas pessoas sou e ainda mais paixões trago no coração, escolher é perder. Perder partes de mim e do que sou. Perder a cada escolha, uma e outra pessoa que poderia ser amanha em vez da que sou hoje. É perder sonhos e possibilidades. É prender-me numa alma quando nem sei quantas almas cabem em mim. 
 Agora sou só parte do que era. Mas essas partes, quando não esperas, visitam-te. Essas partes, quando as tentas fechar de novo em ti, fogem e deixam um vazio no teu peito ainda maior que o anterior.Mais doloroso e profundo, com a sua memória entoando no vazio que criou. Vais deixando bocados do que és pelo mundo, e eles voltam. Voltarão sempre. Mas a decisão foi tomada e deixaste-os para trás, por isso não podes esperar que eles regressem para ficar. 
 Amei o mundo. E por amar de mais, perdi as certezas, dei lugar ao medo, e fiquei sem nada. Só com a razão que nenhum valor têm agora.
 Por querer sonhar, hoje não sei mais que sonhos tenha.


 (Já amei. Já perdi quem amei. Agora é decidir e viver. E então, sim, saberei que cresci.)